Amor e Medo

Algum tempo para respirar As letras saem de mim em fúria, Como um rio quando derruba as barreiras que o impedem de seguir seu percurso... Saem sem ao menos me permitir pensar Frases tem vida própria Escrevo, mas não sou eu quem as controla... Elas me dominam! São letras, palavras e versos São estrofes e prosas Que decidem a hora de chegar! Elas passam por tudo que não passei São as minhas metáforas Tatuadas no coração Escritas nessa folha que palpita... Elas passam por tudo que não passei Sentem o que não senti Elas gritam meu silêncio Essa tinta negra mancha o branco não por que meus versos me descrevem Mas em verdade, tudo acontece por elas me escreverem...

O gosto mais fino se encontra na pureza do não ser e do não ter... Obtem-se observando, somente observando... Degustar o improvável é torna real o que é mais imaginário, E tornar imaginario o real é basicamente ser o que nunca se poderia transformar. Triste, porém inevitável. Mentiras e ilusões são estátuas da nossa insana vida; Elas ficam lá... paradas olhando para nós... E nós não a enchergamos; Elas são estátuas, são mortas! Acreditamos que são estátuas, mas que não são sonhos! Achamos que, se quebrarem, elas morrem, mas não sangram.. Como poderiam? Provar o impossível é degustar o imaginário real.

A areia fina e branca, como a cor da pele da moça, como a moça que é somente do mar. Persisti em rouba-la, disfarçadamente, enquanto a maré baixava um pouco Furtei-a da areia para o meu peito, no entanto esta escapou, sorrateira, entre os dedos causando-me um desespero por não ser mar. Vou flertar com todos os cristais de areia até encontrar a moça que não há de me escapar. Há de ser minha ou hei de ser mar.

Deliro no prazer da minha luxúria, insana; Vivendo minha vida profana faço meus rabiscos num papel já riscado... Você faz parte do meu presente-passado, Que eu insisto manter. Eu te pinto como eu quero, diferente do real, Somente pra satisfazer meus pensamentos... Sei que como eu te faço, torno-te irreal-ideal! Simples e perfeito para minha insana lucidez Será que eu completo teus sonhos?

Verdade seja dita, és o homem que em meu corpo habita sem existir Pele morena, e macia. Intocável... O ser mais complicado que eu implorei encontrar... Teus beijos são minha morada Com outras já não me importo mais Me enlouquece e me dá vida Eu queria apenas não ter que sonhar novamente...

Hoje a saudade veio bater à minha porta Eu lembrei do tempo que tive teus beijos em minha boca, o teu corpo colado ao meu e nossas almas unidas Lembrei-me para não mais esquecer Desistir de você apenas quando não mais me procurar Ou quando a saudade me fizer esquecer...

O oceano que há dentro de mim é tão grande que chego a me perder Por isso trago marinheiros com meu canto Para não me sentir tão sozinha no fundo do meu mar...

Ele começou como chuva fina, molhando meus cabelos Terminou como tempestade, afogando meus dias Eu gritava e somente ele ouvia: -Melhor o fim de um sonho que o inicio de um pesadelo. Por fim acordei sozinha

Excluí da minha vida tudo que julgo me fazer mal O mesmo fiz com todas as pessoas em meus meios de contato Os que não me adiantam, me atrasam... Mudança de rota... Uma nova vida me espera.

Eu queria poder entender o que se passa aqui dentro... Sim versifico na intenção de expor os sentimentos que estão cá gritando e explodindo com minha paciência. Eu me ligo a ele e noto estar sozinha enquanto ele só se importa com seus ideais e sua vida. Por que ainda o procuro se nossa relação é como um cigarro, meu vício, que tenho como um prazer sublime quando é tragado, mas quando acaba, rápido, deixa-me dores no peito? Eu busco nele o homem e encontro somente um garoto imaturo que não sabe tratar uma mulher. Ele não nota que me magoa, ou nota e não se importa, ou nota e simplesmente é isso que ele quer ou não nota, mas se bem que queria que fosse assim ou... ou... ou... Um desabafo, como um grito sai de mim pela insignificância dos meus sentimentos. O meu real é surreal, o meu ser é imortal dentro do palco imaginário dos meus sentimentos mais obscuros. Timbres agudos e graves, sonhos inacabáveis e lágrimas... Você entrou na minha vida me dando sonhos... Entrou mentindo que poderia

Não tão longe de mim acendo meu cigarro e penso o quanto estou distante de tudo. Vou até minhas lembranças e recordo dos meus momentos juvenis onde as bonecas eram meu mundo. Eram cirandas, eram bolas, patins, bicicletas, corridas... Eram crianças e mais crianças, era meu mundo. Sempre tinha um bolo de chocolate para quando eu voltasse machucada de um tombo. Observava sobre a mesa a flor artesanalmente feita de sabonete. Minha mãe era muito boa nisso! Respirava fundo e tomava num só gole o suco de acerola com laranja que eu só bebia para agradar minha mãe. Logo em seguida dava um sorriso mostrando o copo vazio e falava - Quero mais não! Essas lembranças me mantém viva! O espelho da memória me reflete somente os bons momentos e faz com que o passado pareça próximo.

As verdades só são completamente ditas quando estão na presença do silêncio.

Ele se levantou tarde, o calor era absurdo, por volta dos quarenta graus, coisas do Rio de Janeiro. Ele enxugava o suor do seu rosto e se acomodava na cadeira de sempre para compor suas frases cruas sem entender o que se passava do lado de fora. Tinha em seus pensamenos uma incerteza comovente, que nem ele a conhecia. Tinha em suas mãos a mulher mais desejada, mas não a desejava. No início eram os mais belos amantes, mas justamente naquele dia ele não a procurou, ela também não fez questão de o encontrar. Não era o fim do mundo. Era somente o fim de tudo. Ela o entendia assim.

Antes das cinco e a moça já se despia para mais um. Ela havia perdido os sonhos mas sua forma era sempre intacta, jovial e delicada. Tirou a seda branca que envolvia o corpo quase negro, e em um só gesto caía suavemente aquilo que não encobria mais nada, somente os caracóis dos seus cabelos escondiam um pouco do que ela não fazia questão de ocultar. Não chorava nem sorria pois se acostumara a ser usada, agia sempre da mesma forma e não sabia porque. A moça não se moveu, porém mesmo com toda incerteza o jovem deitou-se naquele quarto bagunçado. O cheiro de mofo, os lençóis puídos, nada a incomodava. Ela tinha seu objetivo. Rumou ao homem e pôs seus pequenos seios à face daquele, ele corou-se por instantes e com a voz macia advertiu - Tudo será cobrado! Ele com sutis toques a possuía e descobria cada canto do seu túmulo-íntimo enquanto ela não mudava sua expressão, não citava uma palavra. Estava fria como uma cobra. Ao findar o ato ele adormeceu mesmo suado e com o cheiro da libido impre

Em si muitas mulheres gritam, desde a pudica até a maior cafetina já existente. Quem sabe despertar nela o que é de seu interesse tem o segredo de todas as magias. O seu espírito é sagrado, sim, ela é santa. Sua carne é a mais impura. Sua pele, branca; O seu ser, negro. A mulher é a descrição perfeita do talvez.