Pular para o conteúdo principal

Noites Cruas - Cartas de um amante

Antes das cinco e a moça já se despia para mais um.
Ela havia perdido os sonhos mas sua forma era sempre intacta, jovial e delicada.
Tirou a seda branca que envolvia o corpo quase negro, e em um só gesto caía suavemente aquilo que não encobria mais nada, somente os caracóis dos seus cabelos escondiam um pouco do que ela não fazia questão de ocultar.
Não chorava nem sorria pois se acostumara a ser usada, agia sempre da mesma forma e não sabia porque.
A moça não se moveu, porém mesmo com toda incerteza o jovem deitou-se naquele quarto bagunçado.
O cheiro de mofo, os lençóis puídos, nada a incomodava. Ela tinha seu objetivo.
Rumou ao homem e pôs seus pequenos seios à face daquele, ele corou-se por instantes e com a voz macia advertiu - Tudo será cobrado!
Ele com sutis toques a possuía e descobria cada canto do seu túmulo-íntimo enquanto ela não mudava sua expressão, não citava uma palavra. Estava fria como uma cobra.
Ao findar o ato ele adormeceu mesmo suado e com o cheiro da libido impregnando o local, seu sono foi pesado. A moça se foi.
Não levou dinheiro, não levou carinho, não levou amor.
Levou somente suas lembranças, e tudo que foi cobrado...

Comentários

  1. Ahuahauhauah, vc é linda e dissimulada. Seda branca e um termo meuuuuuu. Meu eu-lírico anda te influenciando né hauahuah admita amor...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Amor e medo - ultima carta?

Com tantas marcas na alma ela ficou um bom tempo sem me escrever... Eu todos os dias verificava minha caixa de correios... eram propagandas, cobranças, mas nunca mais as letras infantis daquela senhora... Até que uma noite surge por sob a porta um papel molhado... não sei se de lágrimas ou da chuva forte que caia... Não deu tempo de ver ninguém colocando aquele papel... quando vi, já estava lá! " Querido, sinto a demora na hora de demonstrar meus sentimentos... Nem tenho mais a certeza de sentir... Não sei se é realmente o que eu quero... Amar? sofrer... Tua poesia satisfaz meu ego, mas não meu coração... sinto, não mais lhe escreverei, talvez não procures mais minhas cartas, mas desta vez meus olhos a te fitar... te implorar.. tão perto e tão longe... distante... A longa distancia de um olhar!" Nunca fiquei tão confuso quanto desta vez.

Eros

Deliro no prazer da minha luxúria, insana; Vivendo minha vida profana faço meus rabiscos num papel já riscado... Você faz parte do meu presente-passado, Que eu insisto manter. Eu te pinto como eu quero, diferente do real, Somente pra satisfazer meus pensamentos... Sei que como eu te faço, torno-te irreal-ideal! Simples e perfeito para minha insana lucidez Será que eu completo teus sonhos?

Sereia

O oceano que há dentro de mim é tão grande que chego a me perder Por isso trago marinheiros com meu canto Para não me sentir tão sozinha no fundo do meu mar...